
Por que só agora, coração,
Você se mostra tão sensível?
Por que tão intrépida reação,
Ao sabor de um amor impossível?
Por que, coração, só agora,
O amor lhe faz tanto estrago?
Sinto, irreversível, indo embora,
A tênue esperança que ainda trago.
Nesta rota da existência, tão comprida,
Pródiga em fortes emoções também,
Tarde, surgiu a mulher de minha vida,
E a você, coração, não fez nada bem.
Você, coração, maduro e calejado,
Sentiu bastante aquilo que eu temia,
Acusou muito forte o golpe, debilitado;
Derrota dura do amor para a poesia.
Uma pilha de sentimentos você carrega,
Tal e qual um artesão de meu destino,
Ainda espero que se safe dessa refrega,
Saindo incólume de todo esse desatino.
Volte à calmaria, coração, por favor!...
Tudo vamos, sim, superar passo a passo;
Nem todo poeta se domina pelo amor,
Por favor, recupere logo seu compasso.
Coração, quero senti-lo forte ao peito,
Superando dissabores como meta,
Curvo-me, derrotado, a um sonho desfeito
Pelas aspirações de quem nasceu poeta.
Lorenzo Yucatán
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